Por: Andressa Bueno
Amor, ódio e medo? Você imagina como seria não saber identificar e nem expressar suas próprias emoções? Isso é exatamente o que ocorre com as pessoas que sofrem de Alexitimia.
A sociedade nos ensina algumas regras nas quais embasamos nossos relacionamentos, e portanto, somos tendenciosos a considerar que se alguém não reage como esperamos é porque não se importa. Tendemos a atribuir nossa própria capacidade de sentir ou reagir às demais pessoas, porém, a verdade é que nem todo mundo sente igual e nem todo mundo se expressa igual. Às vezes podemos ter conclusões falsas sobre as pessoas, e este é o caso dos Alexitimicos.
Provavelmente até então, você não tinha ouvido falar da palavra Alexitimia antes, porém, há pessoas que não podem sentir como nós e que sofrem,pois não são compreendidas, e sequer conseguem expressar sua incompreensão.
Alexitimia é uma palavra com raízes gregas: a partícula "a" tem um sentido de negação, de “falta ou ausência”; lex, significa “palavra”; e thymos é “emoção ou sentimento”. Literalmente, alexitimia pode ser traduzida como sem palavras para sentimento.
As pessoas Alexitimicas são impossibilitadas, de reconhecer suas próprias emoções e por tanto dar um nome à elas na hora de expressar-las verbalmente. Por exemplo, são incapazes de manifestar entusiasmo diante de uma boa notícia. Mas que fique claro! Eles têm e sentem emoções. Só não sabem nomeá-las e por isso sofrem.
A alexitimia pode estar presente em diferentes tipos de patologias, mas especialmente em autistas e em pessoas, que na infância, experimentaram eventos muito traumáticos.
Como se comportam as pessoas Alexitimicas?
- Baixa capacidade de introspeção e falta de empatia. São incapazes de reconhecer suas próprias emoções e também dos outros. [ Por exemplo, não sabe identificar se o que sente por uma pessoa é amor ou amizade; ou se está triste ou alegre];
- Aparentam ser pessoas muito sérias e constantemente aborrecidas;
- São agressivos em relação a si mesmos e ao meio ambiente, devido à frustração de não serem capazes de verbalizar o que sentem;
- Falam muito pouco;
- São excessivamente práticos e racionais. Sua forma de pensar se orienta para o externo e concreto;
- Demoram construir e manter laços afetivos. Este fato faz com que desenvolvam relações sociais inadequadas, caracterizadas pela dependência emocional ou isolamento;
- Problemas sexuais. Ausência de desejo e impotência;
- São impulsivos. Reagem de forma desproporcionais diante das emoções.
Tais comportamentos incidem sobre o alexitimico com consequências danosas, comprometendo inclusive as questões cotidianas, aumentando ainda mais seu desconforto. Sua capacidade de tomar decisões e solucionar problemas são afetadas, uma vez que geralmente as emoções são um fator a ser considerado na tomada de decisões.E por tabela, também tem uma pobre capacidade de reconhecer as consequências de seus atos.
O que causa a Alexitimia?
Segundo estudos realizados existe a Alexitimia primária e a Alexitimia secundaria. A primária pode ser devido a fatores hereditários, consequência de algumas enfermidades, tais como, acidente vascular cerebral (AVC), tumores cerebrais, predisposição genética e etc. A Alexitimia secundaria é o tipo mais comum e costuma-se ser encarada como uma condição temporária, relacionada a causas traumáticas na infância e mecanismo de defesa, amparado pelo uso excessivo de negação e repressão de afetos.
Ela pode ser curada?
Alexitímico geralmente não procuram ajuda, e se eles vão para a terapia é geralmente induzido por uma pessoa próxima.
Pode-se melhorar a capacidade do alexitímico sem dúvida, mas a cura como tal, ainda não é clara. Por ter sua origem na infância implica crescimento de estruturas que não evoluíram como deveriam, e algumas destas estruturas têm sua flexibilidade limitada na idade adulta. Mas, certamente podem melhorar significativamente a sua qualidade de vida e seus problemas.
Para finalizar, gostaria de esclarecer que esse texto é exclusivamente informativo e propõe uma reflexão sobre a alexitimia, um termo frequentemente encontrado nos processos psicossomáticos e diretamente relacionado às dificuldades de compreensão dos sentimentos. E portanto, não possui nenhuma capacidade e intenção de realizar nenhum tipo de diagnóstico. No entanto, gostaria de terminar citando um texto de Simone Conejo:
“Os sentimentos envolvem a saúde e o adoecimento, o tratamento e as possibilidades de cura. Cada pessoa se relaciona com eles e, por meio deles, compõem um modo singular de olhar o mundo, a si e ao outro. Eles permeiam nosso cotidiano. As emoções são cantadas, escritas, pensadas, menosprezadas, valorizadas, desconhecidas e descobertas. De modos diferentes, são descritas, construídas e desconstruídas: enfim, vividas! Isso não impede que cada um possa se perder ou se agarrar a elas.”
Fontes:
MACIEL, M. J. N; YOSHIDA, E. M. P. Avaliação de alexitimia,
neuroticismo e depressão em dependentes de álcool. Avaliação Psicológica, Porto
Alegre, v.5, n.1, jun. 2006. Disponível em:<http://www.scielo.br>.
Acesso em: 04 ago. 2008.
CALDAS, N. R.
Avaliação da alexitimia em usuários de drogas em Centro de Tratamento na Cidade
do Rio de Janeiro. 1999. 117 f. Tese (Mestrado em Saúde Pública) – Escola
Nacional de Saúde Pública, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro. 1999.
Alexitimia: Dificuldade de expressão ou ausência de sentimento.http://www.scielo.br/pdf/ptp/v26n1/a03v26n1.pdf
http://www.saudedicas.com.br/doencas/saiba-o-que-e-alexitimia-3033104
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